Acribia - Um bocadinho de rigor não faz mal a ninguém.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

A publicidade que nos cega.

Sou uma grande fã de publicidade. Gosto de ver bons comerciais, presto atenção à linguagem e à estética da coisa. Na verdade encaro tudo como um jogo de sedução. Passo a explicar: imagine-se um tipo que até nem é assim tão giro, mas que dá-se ao trabalho de vestir bem, falar com correcção, levar-nos ao sítio certo... Enfim, esforça-se. Quer vender o seu produto (neste caso ele mesmo). Daria uma chance: publicidade é isso. Acho que se alguém se preocupa em fazer um anúncio com bom gosto e inteligência para me seduzir, levando a comprar a marca x, vou pelo menos experimentar (depois de pondera uma série de outros requisitos, claro).
Reparei este ano que a Coca-Cola não teve a tradicional campanha de Natal, ou pelo menos não a vi (vejo muito menos TV desde que trabalho e tenho TV Cabo). Mas sinto falta, acho que faz parte da quadra. A Benetton, por exemplo, teve sempre umas campanhas fabulosas, quer se adorasse ou odiasse ninguém ficava indiferente às polémicas fotos de Oliviero Toscani para a marca. E o cãozinho da Scottex? Alguém fica indiferente? E o "touxim" da Vodafone, antes Telecel? Memorável. Lembro-me de jingles inteiros de publicidades que via quando tinha 8 anos, ainda no Brasil ("Groselha vitaminada Milani", "Toddy sabor que alimenta", "Danoninho vale por um bifinho", etc), e não sei apenas o slogan, sei o jingle todo mesmo!!! É obra! É a publicidade que nos domina, nos cega segundo alguns.
Falando em cegar, não posso deixar de pensar que por vezes a publicidade ensurdece. Ou causa desejos de sermos surdos, para ser mais rigorosa. Sempre achei que as publicidades mais idiotas eram as dos detergentes da máquina/louça/lixívia. É um festival de falta de originalidade, clichés e mau gosto. Essa tendência tem-se alterado ultimamente com uma forte concorrência de boçalidade promovida pelos anúncios dos hipermercados. Como é possível alguém fazer um jingle com uma música ridícula, com uma voz horrorosa, rimando "doravante" com "elefante"??? Doravante??? Ninguém diz doravante! E quando achava que pior que isso não podia haver, aparece-me a Popota, que supera a Leopoldina. Desculpem, mas eu já tinha problemas com uma personagem cujas asas comportam-se como mãos e saem de dentro de um colete!!! Vejamos: não servem para voar (o colete impossibilita tal coisa) e também não servem para agarrar nada E fica dolorosamente mal. Um horror! A seguir aparece-me uma hipopótoma de top cantando um plágio da canção da Gwen Stefani (The sweet scape). Que mais poderiam os criativos deste país fazer? Ora, não pensem que acabou!!! Diabolicamente arquitectam uma campanha para o Continente baseado nem mais, nem menos do que no TEATRO DE REVISTA!!! Um lixo, nem sei comentar criticamente tal coisa: mau gosto, mau gosto, mau gosto!

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