Acribia - Um bocadinho de rigor não faz mal a ninguém.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

A secretaria da psiquiatria

No ano passado uma pessoa que me é muito querida passou por uma mau momento. E tomou uma decisão drástica: encheu-se de comprimidos na esperança de nunca mais acordar.

Acontece que (felizmente) acordou. E depois disso precisou de tratamento médico.

Vou me abstrair de várias considerações que esse facto me leva a tecer. Vou me cingir ao facto caricato pelo qual passei depois.

Depois de ter tomado os comprimidos como se de M&M's se tratassem a pessoa em questão foi conduzida, insconsciente, às urgências do Hospital da Universidade de Coimbra. Lá foi atendida e esteve internada por quase dois dias, depois mandara-na para casa com uma quantidade tal de medicamentos que muito me surpreende que conseguisse dizer "pão". Pediu-me então que ligasse para o Hospital, pois tinham lhe dito para marcar uma consulta ou algo do género, mas de tão confusa que estava não conseguia perceber nada.

Liguei, fazendo-me passar pelo paciente. Fui bombardeada com todo o tipo de perguntas escrotas, do género "a que horas deu entrada no hospital?", "qual o nome do médico que a atendeu?"... Fiquei passada! Expliquei que teria dado entrada nas urgências inconsciente, estado no qual permaneci por horas. Ao que amavelmente me foi respondido "mas a menina é que tem de saber". Como pode alguém que acabou de sair de um internamento ser tratada assim? Eu que até estava sãzinha da silva fiquei indisposta depois do telefonema. Nada me foi informado. Disseram que enviariam um postal para casa. Quis então confirmar a morada que constava no sistema, não vá o diabo tecê-las. Foi-me dito que eu é que tinha de saber a morada que indiquei. "Mas minha senhora, eu estava insconsciente..."... Inacreditável!! Só digo uma coisa, eu que estava são considerei seriamente a possibilidade do suicídio depois deste epsódio. Chiça!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A vila da Nazaré

Para que conste: eu gosto da Nazaré. Sempre gostei. Aquela praia simpática, o casario que acaba na boca da praia, as mulheres simpáticas, aquele jeito de falar a cantar...
Depois há um certo jeito de ser tão característico dos autóctones... Impossível ficar indiferente, ama-se ou odeia-se.
Na minha opinião todo nazareno nasceu para ser artista. E o é de facto. São todos artistas naquele palco que é a vila da Nazaré. Todos se conhecem, se aplaudem, exibem talentos únicos. Talvez por ter tido a sorte de conhecer os nazarenos certos eu pense assim. Ou são músicos, ou são cantores, ou são artistas plásticos... Ou simplesmente são pessoas tão fascinantes que a sua vida em si é uma forma de arte.
Se não conhece vá. Vá à Nazaré, passe por lá um fim-de-semana, verá que não se esquecerá.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O problema do cocó.

Estive a matutar naquelas publicidades que falam de coisas que servem para nos fazer.... digamos... ir. É isso, ir. Chego à conclusão que muita gente sofre de prisão de ventre, simplesmente porque não respeita um princípio muito simples: quando a natureza manda, o homem obedece. Se dá vontade de... ir, vá imediatamente!. Pior é quando dá vontade de... ir... e não podemos.

Enfim, depois acabam por usrgir uma infinidade de produtos para ir... Estão a ver aqueles cereais horrorosos, que são tão saborosos que mais apetece rasgar a caixa e comer com leite morno os pedacinhos de papel! IACA!!! E depois metem uma supermodelo de calções a dançar com a caixa na mão... Enfim... É claro que a super modelo não deve, digamos, ir. Para ter aquele corpinho não deve comer, loga não... vai. Se é que me fiz entender.

Depois há os iogurtes e a celebridade do programa para reformados. Ficamos a saber duas coisas: Fátima Lopes não fica lá muito bem de verde e sofre de prisão de ventre. Ou então ainda pior: Fátima Lopes não fica bem de verde e por dinheiro nem sequer se importa de falar das suas próprias fezes na televisão. Não é que não estejamos habituados, os programas que a senhora apresenta são sempre assim, enfim, um monte de fezes.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Os vegetarianos

Volta e meia ponho-me a pensar nesse estilo de vida alternativo, vulgarmente conhecido por vegetarianismo... Dou comigo a pensar nessas pessoas que se privam desse prazer que é comer um bom pedaço de picanha mal passada, bem salgadinha... Não consigo compreender como podem conseguir resistir! Entendo e respeito as motivações de quem opta por esse estilo de vida, mas não sei se seria capaz de ir pelo mesmo caminho. Ser omnívora é um prazer! Sei que devemos comer para viver e não viver para comer, mas... Depois há aquela necessidade de vigiar tudo o que se come, pois pode haver carne escondida numa sopa, ou outro tipo de produto de origem animal.
Além disso os vegetarianos assumem uma postura de superioridade moral que me incomoda deveras. São os paladinos dos quadrúpedes, defensores dos irracionais. Não sei bem se há moralidade nisso de comer tubérculos e folhas... Imagine-se o trabalho que não representa capturar um boi para comê-lo??? Primeiro é preciso coragem para encarar o bicho, além disso há que entrar com força e coragem, provavelmente correr atrás do animal, eventualmente fugir dele... Sei que hoje os animais são de matadouro, mas imagine-se que não, temos uma criação e temos de tratar da nossa carne. O bicho defende-se, tem patas, foge de nós! Por outro lado, o que faz um tubérculo indefeso? Nada! Não pode correr, não pode fugir, não se pode defender. Está ali, é capturado (colhido neste caso) e cruelmente ingerido. Quem me garante a mim que o vegetal não sofre? Ele também respira, também é um ser vivo. Cobarde é arrancar a cenoura da terra. É matá-la também, não é?
Esse é um ponto. O segundo ponto é o facto de que os vegetarianos produzem uma quantidade muito maior de gases intestinais que um omnívoro. É verdade, a flatulência nos vegans é mesmo um problema. Andam para aí esses seres magros, sem cor nas faces, meio abúlicos e cheios de moral proclamando sua superioridade comportamental... Até que a verdade revela-se, ou melhor, cheira-se.
Definitivamente não há nada de superior em ser vegetariano. É apenas uma opção diferente, respeito isso, mas não acho moralmente superior. Ou, como dizem as más línguas, trata-se de um distúrbio alimentar de gente rica, validado pela moda em nome de uma suposta busca de mais saúde.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

A lei do tabaco.

Não sou fumadora e tenho resistido a vontade que me domina de tripudiar finalmente sobre tantos fumadores que durante anos ignoraram completamente o meu direito ao ar puro. Durante anos fui desrespeitada sistematicamente, privaram-me do mais essencial dos elementos: o ar que respiro.
Não percebo bem que esquema mental intrincado que foi elaborado ao longo dos anos para justificar o facto de tanta gente andar a fazer mal aos outros e achar que tal coisa é um direito. Assim, um direito inquestionável e ponto final. Finalmente vou poder estar em alguns lugares públicos e vou poder respirar, sem ter de levar com a resposta "os incomodados que se mudem". Eu agora devia dizer isso a todos os incomodados com o ar puro: que se mudem. Mas não faço. Respeito o hábito, o vício, apenas peço que me deixem em paz. Para tanto têm de consumir a sua droguinha legalizada longe de mim, das crianças, da comida, etc. Fumem lá o asqueroso cigarrinho onde quiserem, menos em cima de mim.
Vejamos: seria aceitável se fosse um cigarro de haxixe? Não. É aceitável consumir álcool durante o horário de trabalho? Não. Existem salas especiais para pessoas que fumam haxixe? Não. Porque há de ser socialmente aceite que milhões de pessoas estejam a drogar-se em todo o lado e as pessoas que estão mal são os que não são viciados? Essa lógica perversa incomoda-me demais!!!!
Agora estão preocupados porque as pausas para fumar prejudicam o trabalho. Ora, quem bebe não pode se embebedar durante o expediente. Pode quando muito beber um copo de vinho ao almoço, ou uma cerveja, mais do que isso não é aceitável. Interromper o trabalho para beber? Jamais! Porque podem então por em causa a jornada de trabalho por conta do tabaco? Querem saber qual a razão? Eu explico: é que até agora nós, que não fumamos, estivemos a levar com o fumo dos outros para todos os viciados pudessem consumir livremente, como se fosse normal ser adicto ao que quer que seja. Jogar? É mau. Beber? Péssimo. Consumir drogas? Um horror! Mas fumar, fumar tudo bem.
Desculpem, mas já não era sem tempo de se tomar uma atitude, de parar de fazer de conta que não são todos viciados. É urgente parar com essa atitude de está tudo bem. Mas não me admira, tendo em vista que até querem criar salas de chuto (e até fornecem a droga!). Não consigo achar isto tudo normal. Desculpem, não posso estar assim tão errada.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

A publicidade que nos cega.

Sou uma grande fã de publicidade. Gosto de ver bons comerciais, presto atenção à linguagem e à estética da coisa. Na verdade encaro tudo como um jogo de sedução. Passo a explicar: imagine-se um tipo que até nem é assim tão giro, mas que dá-se ao trabalho de vestir bem, falar com correcção, levar-nos ao sítio certo... Enfim, esforça-se. Quer vender o seu produto (neste caso ele mesmo). Daria uma chance: publicidade é isso. Acho que se alguém se preocupa em fazer um anúncio com bom gosto e inteligência para me seduzir, levando a comprar a marca x, vou pelo menos experimentar (depois de pondera uma série de outros requisitos, claro).
Reparei este ano que a Coca-Cola não teve a tradicional campanha de Natal, ou pelo menos não a vi (vejo muito menos TV desde que trabalho e tenho TV Cabo). Mas sinto falta, acho que faz parte da quadra. A Benetton, por exemplo, teve sempre umas campanhas fabulosas, quer se adorasse ou odiasse ninguém ficava indiferente às polémicas fotos de Oliviero Toscani para a marca. E o cãozinho da Scottex? Alguém fica indiferente? E o "touxim" da Vodafone, antes Telecel? Memorável. Lembro-me de jingles inteiros de publicidades que via quando tinha 8 anos, ainda no Brasil ("Groselha vitaminada Milani", "Toddy sabor que alimenta", "Danoninho vale por um bifinho", etc), e não sei apenas o slogan, sei o jingle todo mesmo!!! É obra! É a publicidade que nos domina, nos cega segundo alguns.
Falando em cegar, não posso deixar de pensar que por vezes a publicidade ensurdece. Ou causa desejos de sermos surdos, para ser mais rigorosa. Sempre achei que as publicidades mais idiotas eram as dos detergentes da máquina/louça/lixívia. É um festival de falta de originalidade, clichés e mau gosto. Essa tendência tem-se alterado ultimamente com uma forte concorrência de boçalidade promovida pelos anúncios dos hipermercados. Como é possível alguém fazer um jingle com uma música ridícula, com uma voz horrorosa, rimando "doravante" com "elefante"??? Doravante??? Ninguém diz doravante! E quando achava que pior que isso não podia haver, aparece-me a Popota, que supera a Leopoldina. Desculpem, mas eu já tinha problemas com uma personagem cujas asas comportam-se como mãos e saem de dentro de um colete!!! Vejamos: não servem para voar (o colete impossibilita tal coisa) e também não servem para agarrar nada E fica dolorosamente mal. Um horror! A seguir aparece-me uma hipopótoma de top cantando um plágio da canção da Gwen Stefani (The sweet scape). Que mais poderiam os criativos deste país fazer? Ora, não pensem que acabou!!! Diabolicamente arquitectam uma campanha para o Continente baseado nem mais, nem menos do que no TEATRO DE REVISTA!!! Um lixo, nem sei comentar criticamente tal coisa: mau gosto, mau gosto, mau gosto!

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Amigos (por Vinícius de Morais)

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ….A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo. Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer … Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.
(Vinícius de Moraes)

O ioga e o ano novo.

Parece que começou mais um ano... Vira-se a página do calendário, troca-se de agenda, documentos caducam, alimentos perdem a validade... E nós? Como ficamos? Na mesma. Pretty much na mesma. Eu penso assim. Fora aquela ruguinha no canto do olho que antes não estava lá mas que agora vê-se tão bem ao espelho, aquela dor no joelho que antes só sentia quando fazia desporto... É o tempo que passa, é o verdadeiro calendário que nos rege: o nosso corpo. Verdade seja dita, mesmo que aquela lenga-lenga do espírito jovem seja verdade, se o invólucro não estiver em condições não há espírito que aguente. É um facto.

Posto isso, e pensando quer no invólucro quer no espírito, tenho pensado muito no ioga. Na verdade ando a pensar nisso há uns anos... Ou seja, teoricamente eu já sei muito do assunto. Antes disso também tinha vasto conhecimento, teórico, sobre aeróbica, spinning, hidroginástica, e por aí vai.

Tenho reparado ultimamente que na TV Cabo há um canal de coisas ditas esotéricas e do espírito. Um canal de credibilidade questionável, diga-se de passagem. Nesse mesmo canal, pela hora em que me levanto, lá via um chinês com um quimono ridículo (via de regra vermelho) a fazer tai chi chuan (arte marcial que também tenho um profundo conhecimento, teórico claro). Mas por estes dias reparei que já não há chinês ridículo, há agora um trio de moças esbeltas e longilíneas a praticar ioga. Umas imagens deveras estimulantes ver aquelas moças a moverem-se com uma graciosidade e leveza fascinantes. Eu, que gosto de homens, confesso dar comigo mesmerizada com as moçoilas a alongar e mexer. Devo ser rigorosa: a fazer as asanas (namaste, lol). Não me interpretem mal, acho fascinante, gostaria de praticar.

As moças fazem aquilo parecer tão fácil, tão suave... Que se eu não tivesse já me deparado com a realidade da coisa deixar-me-ia levar pela fantasia que a caixa da TV vende: isenção de suor, cores suaves, ausência de pó... Sim, porque das vezes que fiz ioga o chão estava coberto de uma fina camada de pó irritante, aquele cotãozinho nojento que se agarra à sola dos pés e às palmas das mãos e que torna tudo menos poético.

Na verdade mesmo antes de ver as "ioguis" (ou será isso um iogurte?) na TV fui à procura de um espaço onde pudesse me iniciar na prática de ioga. Lá fui eu a um centro de ioga. Que decepção!!! Ficava num primeiro andar. Cheguei e vi umas pessoas de cabelo amarrado atrás da nuca, nada de peles e cabelos brilhantes, nada de saúde galopante. Na verdade as pessoas pareciam meio subnutridas. Perguntei se haveria alguém que pudesse dar-me algumas informações, esperando alguém com um ar plácido, zen. Nada. Ninguém apareceu. A luz do espaço onde esperava estava ligado (clandestinamente) à luz das escadas, o que implicava que se apagasse de 2 em 2 minutos, por conta do temporizador. Achei um pesadelo. Esperei 10 minutos em pé, ao frio e com aquela luz a apagar e acender. Decidi ir embora antes de ter um ataque epiléptico com aquela luz a piscar. Achei melhor ver na televisão, muito melhor que a realidade. De facto a televisão faz tudo parecer melhor.