Acribia - Um bocadinho de rigor não faz mal a ninguém.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

O ioga e o ano novo.

Parece que começou mais um ano... Vira-se a página do calendário, troca-se de agenda, documentos caducam, alimentos perdem a validade... E nós? Como ficamos? Na mesma. Pretty much na mesma. Eu penso assim. Fora aquela ruguinha no canto do olho que antes não estava lá mas que agora vê-se tão bem ao espelho, aquela dor no joelho que antes só sentia quando fazia desporto... É o tempo que passa, é o verdadeiro calendário que nos rege: o nosso corpo. Verdade seja dita, mesmo que aquela lenga-lenga do espírito jovem seja verdade, se o invólucro não estiver em condições não há espírito que aguente. É um facto.

Posto isso, e pensando quer no invólucro quer no espírito, tenho pensado muito no ioga. Na verdade ando a pensar nisso há uns anos... Ou seja, teoricamente eu já sei muito do assunto. Antes disso também tinha vasto conhecimento, teórico, sobre aeróbica, spinning, hidroginástica, e por aí vai.

Tenho reparado ultimamente que na TV Cabo há um canal de coisas ditas esotéricas e do espírito. Um canal de credibilidade questionável, diga-se de passagem. Nesse mesmo canal, pela hora em que me levanto, lá via um chinês com um quimono ridículo (via de regra vermelho) a fazer tai chi chuan (arte marcial que também tenho um profundo conhecimento, teórico claro). Mas por estes dias reparei que já não há chinês ridículo, há agora um trio de moças esbeltas e longilíneas a praticar ioga. Umas imagens deveras estimulantes ver aquelas moças a moverem-se com uma graciosidade e leveza fascinantes. Eu, que gosto de homens, confesso dar comigo mesmerizada com as moçoilas a alongar e mexer. Devo ser rigorosa: a fazer as asanas (namaste, lol). Não me interpretem mal, acho fascinante, gostaria de praticar.

As moças fazem aquilo parecer tão fácil, tão suave... Que se eu não tivesse já me deparado com a realidade da coisa deixar-me-ia levar pela fantasia que a caixa da TV vende: isenção de suor, cores suaves, ausência de pó... Sim, porque das vezes que fiz ioga o chão estava coberto de uma fina camada de pó irritante, aquele cotãozinho nojento que se agarra à sola dos pés e às palmas das mãos e que torna tudo menos poético.

Na verdade mesmo antes de ver as "ioguis" (ou será isso um iogurte?) na TV fui à procura de um espaço onde pudesse me iniciar na prática de ioga. Lá fui eu a um centro de ioga. Que decepção!!! Ficava num primeiro andar. Cheguei e vi umas pessoas de cabelo amarrado atrás da nuca, nada de peles e cabelos brilhantes, nada de saúde galopante. Na verdade as pessoas pareciam meio subnutridas. Perguntei se haveria alguém que pudesse dar-me algumas informações, esperando alguém com um ar plácido, zen. Nada. Ninguém apareceu. A luz do espaço onde esperava estava ligado (clandestinamente) à luz das escadas, o que implicava que se apagasse de 2 em 2 minutos, por conta do temporizador. Achei um pesadelo. Esperei 10 minutos em pé, ao frio e com aquela luz a apagar e acender. Decidi ir embora antes de ter um ataque epiléptico com aquela luz a piscar. Achei melhor ver na televisão, muito melhor que a realidade. De facto a televisão faz tudo parecer melhor.

Sem comentários: